
Da Redação
Manaus/AM - As polícias Civil e Militar do Amazonas cumprem na manhã desta terça-feira (2), 35 mandados de prisão temporária contra uma organização criminosa acusada de extrair ilegalmente 9 mil árvores centenárias em regiões de mata nativa. A Operação "Flora Amazônica" opera em Manaus e Manacapuru, na Região Metropolitana.
A operação é fruto de investigações do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), da Polícia Civil, que vêm ocorrendo há cerca de quatro meses. A operação é coordenada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) com a participação do Ipaam, Ibama e Delegacia de Meio Ambiente.
O secretário de segurança, coronel Louismar Bonates, a delegada-geral da Polícia Civil, Emília Ferraz, e o Comandante-Geral da Polícia Militar, coronel Ayrton Norte, estão acompanhando a operação em Manacapuru.
Interceptações telefônicas ajudaram a revelar a cadeia de atuação do grupo criminoso, formado por empresários moveleiros, serralheiros, extratores ilegais, motoristas e agentes públicos, que recebiam propina para liberar as cargas ilegais. O DRCO acompanhou, em sigilo, a apreensão de madeira transportadas pela quadrilha, o que deu maior robustez ao conjunto de provas.
Segundo a Polícia Civil, em dez meses, os membros da organização criminosa extraíram algo em torno de 9 mil árvores centenárias | Foto: Arthur Castro/Secom
Segundo a Polícia Civil, em dez meses, os membros da organização criminosa extraíram algo em torno de 9 mil árvores centenárias de regiões de mata nativa de Manacapuru. Espécies como Castanheira, Cupiuba, Seringueira, Angelim, Sumaúma, Cedro e Muiratingas, que eram extraídas e comercializadas ilegalmente nas duas cidades.
O esquema criminoso envolve 12 serralherias de Manaus e Manacapuru, que misturavam a madeira ilegal com peças devidamente regularizadas como forma de burlar a fiscalização de órgãos ambientais.
De acordo com a investigação, 95% da madeira vendida pelos empresários desse esquema era de origem criminosa. O material abastecia o comércio das duas cidades e a liderança era exercida por um núcleo empresarial, que fomentava a prática dos crimes ambientais e planejava represálias à delegados.
A operação ocorre enquanto o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é pressionado após a revelação de sua frase durante reunião ministerial, quando sugeriu que o governo "passasse a boiada", referência à publicação de normas ambientais, enquanto a imprensa estivesse distraída com a pandemia do coronavírus.